Como não lembrar e reverenciar aquele me acolheu, nunca sem antes oferecer um café (no copo de plástico) e o seu cartão de visitas (mesmo sabendo que o contato já estava registrado) ainda como repórter da Folha Ribeirão em início de carreira. Ele foi um dos meus primeiros entrevistados na cidade, uma fonte sempre pronta a ajudar os jornalistas, em época que a internet era discada e rara e, o celular, que aliás ele nunca foi adepto, ainda era artigo de luxo e para poucos. Quantas vezes eu, recém-formada voltando de São Paulo para Ribeirão, não fui salva por Golfeto nos pescoções de sexta ou nas intermináveis reuniões de pauta de segunda. Já na Revide, também era fonte recorrente nas minhas reportagens, sempre com suas estimativas de incremento de vendas nas datas comemorativas que, mesmo com metodologia própria e não acadêmica, se confirmavam exatamente ou chegavam bem próximo do real.
Passados quase três anos do início da Pandemia do Covid 19, podemos dizer que quem está lendo este artigo e eu, que o escrevo, somos todos sobreviventes. Nunca passei por um período tão complicado e incerto como esse. Sobrevivemos, mas não sem sequelas. Muitos ainda vivem o luto pela perda de entes queridos, outros se recuperam de sequelas físicas herdadas pela doença e muitos, mas muitos mais tentam lidar com as sequelas psicológicas que tudo isso deixou em cada um de nós.